Retrospectiva dos Anos 2010
E encerra o ano de 2019, fechando não só um ciclo de um ano, como também os anos “10” (em História, o padrão é considerar uma década do ano 1 ao ano 0, pois não existiu um ano zero, logo, pelos historiadores a década começaria em 2021 e ao contrário do que a galera anda dizendo, NÃO, não está terminando a década). A partir de amanhã já estaremos nos anos 20 e os anos 90 já terão ficado há 30 anos atrás. Em termos de Sonic, isso significa que em 2021 o ouriço completará 30 anos de série. Nosso site, no mesmo ano, completará 20 anos de existência.
E como foram os anos 10 do Sonic? Bom, entre altos e baixos, talvez mais baixos que altos, o ouriço conviveu ao longo destes anos com diversas “sentenças de morte” proclamadas pelos seus próprios fãs, como dissemos em nossa mensagem de Natal.
Se voltarmos ao contexto pré-anos 2010, teremos a primeira sentença de morte do Sonic (segundo seus fãs mais enfadonhos, como diria o Zé Graça) em 1998, com Sonic Adventure. Inobstante a persistência do ouriço, que aguentou 1999 e 2000, depois, teria morrido em 2001 com Sonic Adventure 2.
Mas o ouriço e a Sega não desistem e passou 2002. Depois em 2003 tivemos a próxima morte com Sonic Heroes. Agora vai, segundo os incautos diziam. Mas… passou 2004, 2005. Chega 2006. 15 anos de série. Tudo a mil alegrias e o jogo que seria o novo reboot foi lançado. O “Sonic Adventure” da next-generation foi lançado e, agora, como diria o personagem Nerso da Capitinga: o Sonic “mórréu”. Sonic 2006 realmente teria sido o auge da crise do ouriço e seria impossível passar de 2006. Os enfadonhos já preparavam o funeral.
Mas… passou 2007, 2008, 2009 e chegamos em 2010. E como foi este ano? 2010 foi muito interessante, pois neste ano foram lançados Sonic 4 Episode I e Sonic Colors. O primeiro veio proclamado como sendo a continuação natural de Sonic 3 & Knuckles. Imagine como seria fazer um game do Sonic em 2D em um console de 2010?
A ideia foi ótima, mas o jogo talvez virou um híbrido irreconhecível. Não resgatou o lado clássico e ao mesmo tempo não abriu mão do lado moderno conturbado do Sonic, com estilo de fases típicas de jogos da série moderna. A aposta não foi das melhores (a aposta certeira viria alguns anos depois).
Sonic Colors, a seu turno, foi um sucesso absoluto, apesar da exclusividade da Nintendo, que impediu o relançamento deste game em outras plataformas (e ao final acabaria não mais sendo relançado até os dias de hoje, para desespero dos fãs). Com gráficos em 3D com boa engine, Sonic Colors fez a transição 3D da próxima geração de games melhor do que os jogos anteriores, que patinaram nesta árdua missão.
A década começou a turbo! A receita parecia certa, agora era só colher os frutos. E embalado nesta ideia veio Sonic Generations, o jogo dos 20 anos do Sonic em 2011, que procurando sepultar o fracasso de Sonic 2006, trouxe num mesmo game um cross-over inesperado entre o Sonic clássico e o Sonic moderno, ainda que para isso tivesse de quebrar um pouco o enredo e a sequência de história da série. E o resultado foi… bingo! A Sega acertou. O jogo foi ótimo, mas não seria possível pelo caráter especial do jogo, que isso fosse um parâmetro para os próximos jogos. Ainda em 2010 tivemos o Stars Racing, jogo de corrida – bom, mas que não tem para os fãs o mesmo impacto de um plataforma, afinal, é um desses jogos que poderiam ter qualquer outro personagem no lugar.
A coisa ia muito bem! 2010 e 2011 tiveram sua lição de casa feita. E agora era só surfar na onda… mas a onda não foi tão favorável nos anos seguintes… em 2012 tivemos o Sonic 4 Episode II, também bem “meia sola” como o primeiro, e dois jogos genéricos com personagens da série, desses que se faz para vender: olimpíadas e o All Stars Racing Transformed.
Após bambear em 2012, era preciso ver até que o ponto a onda havia arrebentado. E vem 2013, com mais jogos fracos e com o jogo de plataforma sendo o Sonic Lost World. A ideia não deu certo. Em um acordo comercial com a Nintendo, a Sega tentou adaptar a sua franquia para o estilo do público nintendista e é claro que isso não poderia dar certo: não teve repercussão no novo nicho que a Sega buscava e ao mesmo tempo não foi aceito por seus fãs.
A Sega havia perdido a mão. Poderiam os enfadonhos fãs considerarem que a Sega não soube surfar e agora sim matou a sua série? Talvez. Mas para quem já havia sobrevivido a pelo menos 4 mortes, talvez ainda haveria mais uma bala na agulha.
A Sega faz um teste: chama os fãs para a equipe e esta equipe adapta e renderiza o Sonic 1 e o Sonic 2 para Android e o resultado não poderia ter sido melhor: ofuscando completamente tudo o que havia acontecido com Sonic Lost World, o destaque de 2013 foi realmente o relançamento dos game clássicos do Sonic. De quebra os fãs foram agraciados com a lendária Hidden Palace do Sonic 2 jogável.
E em 2014, ainda no acordo comercial com a Nintendo, de exclusividade da Nintendo para os jogos plataformas, a Sega lança todas as suas fichas naquilo que seria a nova geração do Sonic (embora eles juuurem de pés juntos que foi apenas uma série “off” do ouriço, mas todos os elementos da época apontavam que seria o novo padrão do Sonic): Sonic Boom.
Não contente com o erro de Sonic Lost World, a Sega persiste na sua hercúlea missão de como desagradar os fãs: investe em um redesign caricato e infantilizado e tenta lançar uma nova série do Sonic. Não bastasse isso, hypou dizendo que 2014 seria o “Ano do Sonic”. A ideia não poderia ser pior: os jogos definitivamente não agradaram aos fãs. E a sensação era que realmente agora sim, finalmente, enfim, realmente, de fato e de direito, a Sega havia sepultado o Sonic. A despeito do erro absoluto na condução da série de jogos, Sonic Boom acertou em uma série de TV, apontando que o ouriço ainda tinha potencial e esse potencial de animação seria algo que terá importante repercussão no fim da década.
Mas ainda estamos no meio da década: é 2014 e a Sega errou. O que fazer agora? Sem muito alarde, é anunciado um filme do Sonic nos cinemas. Não se sabe como isso seria. Nem se botou muita fé nesse projeto. Mas em 2014 esse projeto começa a ser feito e nunca mais se teve notícias até anos mais tarde…
No campo dos games, a Sega insistiu por mais um tempo na série Sonic Boom, vindo a lançar outro jogo em 2016. E pisou o pé no freio: a Sega definitivamente se debruçou sobre o que iria fazer. Para não manter a série morta – apesar da sentença dos fãs – ficou lançando games mobile. Mas tantos que ficou a impressão que o Sonic viraria um free play mobile. 2015 e 2016 foi um período tão apagado, mas tão apagado, que a Sega pouco comemorou quanto aos 25 anos da série Sonic, que quase passou meio em branco. Tendo insistido em ir no caminho contrário aos que os fãs pediam, não deu certo e colheu os resultados.
Mas antes de fechar os olhos do ouriço e os fãs baixarem a discografia para fazer suas homenagens, lembra o que dissemos antes? Do embrião que a Sega cuidou, de chamar os fãs na equipe, de testar como realmente motivar os fãs e talz?
Pois é… em 2017 a Sega testou novamente este embrião com Sonic Mania. E o resultado foi esplendoroso: o mais bem avaliado jogo do Sonic da era moderna foi um sucesso absoluto e motivou completamente a comunidade. Para isso precisou recorrer-se agora sim de um jogo contemporâneo estilo clássico, fugindo do estilo híbrido de Sonic Mania. Como um zumbi, Sonic resistia até o fim e a Sega talvez tenha aprendido que ouvir os fãs seja algo positivo para a própria empresa.
Enquanto isso, a Sega apostou em paralelo com um novo jogo 3D do Sonic: Sonic Forces, que, convenhamos forçou a barra. O jogo não agradou, foi ruim, fez feio e foi logo considerado um dos piores jogos do Sonic. Só não ganhou tanto destaque negativo porque o seu primo Sonic Mania foi o centro de atenção na família.
Com um jogo tão bom e a popularidade em alta, em 2018 a Sega surfou na onda e lançou o DLC de Sonic Mania. Ao mesmo tempo, lançou uma série de curta animação do jogo. Em um ano típico de ressaca pós-sucesso, 2018 foi o replique do terremoto Mania de 2017.
E chega 2019. O filme do Sonic ganhou forma, após a mudança de estúdios. Ganhando o gabarito de Jim Carrey restaria, enfim, saber como seria o Sonic em live-action. Mas e os games? Bom, no mundo dos games, mais jogos genéricos de olimpíadas e corrida (Team Sonic Racing, talvez o mais fraco dos 3 games de corrida da linha “Racing”).
Voltando ao filme, o visual do Sonic no filme é revelado. E o resultado desagrada os fãs. Pela primeira vez na história, haters, classicistas, modernistas, fanboys e fãs neutros chegam a um acordo: o visual era horrível, péssimo, feio, de extremo mau gosto e algo precisava ser feito, pois por mais positivo e de boa que você fosse, o Sonic estava grotesco. O filme do Sonic é adiado e a Sega ajusta o design. E o novo visual gera a típica sensação de “ufa”. O filme foi salvo – no design ao menos. No campo das animações, a ideia de mini animações do Sonic deu certo e a ideia tende a ser trabalhada nos próximos anos.
Os anos 10 partem para o encerramento e deixam como lição que 1) a Sega continua não sabendo inovar (todas as tentativas de inovação dos anos 10 fracassaram); 2) o Sonic clássico continua por vezes carregando a série nas costas; 3) a ideia de apostar no fator retrô e vintage deu certo e as apostas nesse sentido foram sucesso absoluto; 4) o Sonic não morreu, para o desgosto dos fãs mais críticos, que não veem a hora de finalmente dizer “não disse?”; 5) O Sonic Cycle foi rompido, pois nos fracassos, todos já eram esperados e nos sucessos, não houve um hype forte antes.
A resiliência acabou sendo a marca da série Sonic. Mesmo quando tudo parecia rumar para o pior momento, para a pior crise, de alguma forma algo é feito e o Sonic ganha sobrevida. Os desafios da próxima década serão: e continuará Sonic conseguindo escapar da morte, tal qual escapou do monstro da Toxic Caves? Que rumo a Sega vai tomar nos games: continuará tentando inovar e proporá nos anos 20 a quinqualhésima tentativa de dar reboot e reiniciar a série? Vai insistir na fórmula retrô? Mas será que ainda haverá essa tendência por parte do público nos próximos 10 anos?
Uma coisa é consenso: o filme trará um fôlego e permitirá uma redefinição de estratégias no campo dos games, já que o filme será assunto para um semestre inteiro. E após isso, o próximo evento será crucial para saber o futuro da série Sonic. E nós estaremos aqui para cobrir.
Eu, HKº, e o Skar, desejamos em nome da Power Sonic, um Feliz Ano Novo aos nossos visitantes e ao Sonic! E que 2020 seja um ano de sucesso para todos!
MAS QUE DELÍCIA DE ARTIGO, CARA!
Muito obrigado por estar firme e forte nos dando conteúdo, HKº e Scar!
Muito obrigado e bora chegar em 2021 para completar o achievement de 20 anos de existência
Esses últimos 10 anos foram mesmo de altos e baixos pra série. E pensar que eu pensei em deixar de jogar Sonic quando recebi a facada Boom nas costas =\
Mas Sonic Mania veio mesmo com tudo e mostrou que Sonic é a fênix dos mascotes de vídeo games.
Estou muito ansioso para ver o filme e mais ainda para saber como será o novo jogo, por enquanto é aguardar e torcer para comunidade se unir mais.
Um feliz 2020 para toda equipe PS! Muito sucesso!
Ótimo texto, parabéns!
@Norimaro: Obrigado cara o/
@RChaos: Eu também baqueei muito com Sonic Boom, especialmente quando tudo indicava que aquilo seria o novo padrão do Sonic. Felizmente as coisas mudaram. Imagina o filme do SOnic “boomzado”? Dios me libre! Valeu!
Não concordo com muitas partes do texto! Pra mim a década de 2010 foi no geral positiva o único ponto baixo foi a série Boom que apesar de eu no começo ter apoiado o projeto depois que os 2 jogos iniciais foram lançados eu percebi que não havia a necessidade dessa série ter surgido porque de fato não trouxe nada de tão chamativo que acrescenta-se algo na franquia e que teria sido melhor fazer jogos de personagens secundários tipo: Silver, os Chaotix, etc.
Sobre os ditos “”fãs”” de Sonic que reclamam de tudo sobre a franquia eu quero que eles VÃO A MERDA!!! Se dependesse deles a franquia nunca teria nascido! Já passei muito raiva por causa desses barraqueiros!
@STK: Por isso é muuuito raro eu fazer algo opinativo aqui hehehe. Mas a divergência faz parte e o importante é quando debatemos. Por exemplo, você trouxe um ponto de vista muito válido, que foi o retorno dos Chaotix (e poderia acrescer Ray e Mighty). E concordo, esses haters que vão à merda :v